Vice de Nunes tem desgaste em 1º teste de fogo com caos no Pantanal

São Paulo — As enchentes que afetaram milhares de moradores e deixaram famílias inteiras ilhadas no Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo, colocaram o novo vice-prefeito da capital paulista, Coronel Mello Araújo (PL), em seu primeiro teste de fogo na gestão.
Indicado por Jair Bolsonaro (PL) para compor a chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante a eleição, Mello Araújo ficou de fora do secretariado do governo, mas recebeu a missão de coordenar o Plano de Chuvas de Verão, responsável pelas ações de prevenção e atendimento no período chuvoso na cidade, já no início do mandato.
Poucas semanas depois de assumir o posto, o ex-comandante da Rota viu o bairro da zona leste da capital paulista ser invadido pelas águas da chuva e do rio Tietê, que transbordou após o temporal no fim da última semana.
Com o cenário de caos instaurado no Jardim Pantanal, o político foi ao bairro no fim de semana ao lado de Nunes e de alguns secretários, e voltou a visitar a região sozinho na segunda-feira (3/2), assumindo o protagonismo das entrevistas sobre o tema com a imprensa no local. O resultado, no entanto, foi de desgaste para o vice bolsonarista.
Em entrevistas a jornalistas, Mello Araújo teve dificuldade em apresentar as medidas que a prefeitura estudava para resolver as enchentes na região e chegou a dizer que não sabia responder se a obra atrasada de um pôlder na região seria entregue.
“Eu não tenho essa informação, se eu passar agora eu vou estar passando a informação errada. Mas a gente verifica com os órgãos da Prefeitura para eu te dar uma informação correta”, afirmou o político durante entrevista ao vivo na TV Globo.
Em mais de uma ocasião, Mello Araújo também citou que a população não deveria jogar lixo no chão, ainda que a medida tivesse pouco, ou nenhum efeito prático, para evitar a inundação no bairro, que fica na várzea do Rio Tietê e sofre com enchentes ao menos desde os anos 80.
Especialistas afirmam que a localização ao lado do rio e a falta de obras de micro e macrodrenagem são as principais razões para as enchentes constantes no local.
Enquanto esteve no Jardim Pantanal, Mello Araújo foi também alvo do protestos de moradores do bairro revoltados com os alagamentos. O político foi cobrado após uma foto mostrando a comporta da barragem da Penha, do Rio Tietê, supostamente fechada, viralizar entre a população. Ele afirma que os protestos não eram contra ele, e sim por causa das reivindicações. A operação de barragens no Tietê é de responsabilidade do governo do Estado.
Uma das alternativas estudadas pela prefeitura para enfrentar o problema das enchentes na região é a remoção da população do local. Para isso, segundo estudos preliminares da gestão, seriam necessários R$ 1,9 bilhão. Nessa terça-feira (4/2), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que nenhuma decisão sobre o tema estava fechada.
CPI na Câmara
A enchente no bairro tem agitado também os ânimos da oposição na Câmara Municipal. Nessa terça, o vereador Alessandro Guedes (PT) protocolou uma CPI para investigar as causas das enchentes e inundações que atingiram a região do Jardim Pantanal.
Após o protocolo, as lideranças da Casa vão discutir quais CPIs devem ir a plenário para aprovação e, enfim, implementação. Ao menos duas comissões precisam ser abertas, de acordo com o regimento interno da Câmara.