Vacinas, joias, golpe: veja o que Cid já disse em depoimentos à PF em inquéritos sobre Bolsonaro
Com mais um depoimento à Polícia Federal (PF) agendado para quinta-feira (5), o tenente-coronel Mauro Cid já teve uma série de encontros com investigadores nos últimos meses em razão de inquéritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os inquéritos sobre falsificação de cartões de vacinas, venda de joias sauditas e a trama de um golpe de Estado foram os que tiveram esclarecimentos de Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O militar, que possui um acordo de delação premiada firmado com a corporação, tem prestado informações que subsidiam os três inquéritos, cujo alvo principal é o ex-presidente.
O novo depoimento ocorre duas semanas após o tenente-coronel ter sido ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve os benefícios da colaboração premiada.
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Veja o que Cid já disse à PF:
Joias sauditas
O tenente-coronel é um dos personagens centrais do inquérito que investiga a entrada ilegal no país de joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita.
Em 5 de abril de 2023, Cid disse à PF que buscar presentes recebidos pelo então presidente era algo “normal”, “corriqueiro”, na ajudância de ordens da Presidência.
Em 22 de maio de 2023, num novo depoimento, o militar disse, segundo fontes, que Bolsonaro teria pedido a ele para “verificar” a situação das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões apreendidas na alfândega e incorporar ao acervo da Presidência.
Ele foi responsável pelo envio de um ofício à Receita Federal, em 28 de dezembro de 2022, determinando a “incorporação de bens apreendidos”.
As joias foram retidas em 26 de outubro de 2021, quando uma comitiva do governo desembarcou no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Os itens preciosos estavam na bagagem de um assessor do então ministro de Minas e Energia, que foi escalado pela Presidência para representar o governo em viagem ao país saudita.
Em 1º de setembro de 2023, o advogado de Cid, Cezar Bitencourt, disse que ele assumiu toda culpa pela venda das joias nos Estados Unidos.
Em 18 de junho deste ano, o militar afirmou à PF desconhecer a existência de uma nova joia recebida por Bolsonaro e negociada em território norte-americano.
Um mês depois, em julho, ele foi indiciado no caso, junto com Bolsonaro e outras dez pessoas.
Vacinas
Em maio de 2023, Cid foi preso na Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação do ex-presidente contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS). Ele foi solto após quatro meses.
Em depoimento à PF sobre o caso, Cid disse ter cumpridos ordens. A fala aconteceu durante a delação premiada feita à PF e, posteriormente, homologada pelo STF, em outubro de 2023.
Segundo a investigação, em dezembro de 2022, registros falsos foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde em nome de Bolsonaro e da filha caçula do ex-presidente.
Em março deste ano, a PF concluiu que Bolsonaro ordenou que Cid inserisse os dados. No mesmo mês, o tenente-coronel, Bolsonaro e outras 15 pessoas foram indiciadas pelo caso.
A investigação destacou que a estrutura criminosa se consolidou no tempo, passando a ter a “adesão de outras pessoas, atuando de forma estável e permanente para inserir os dados falsos.
Em abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu o indiciamento e pediu mais investigações sobre a fraude à PF.
A corporação reenviou as novas apurações e, atualmente, é aguardado um parecer da PGR sobre o caso.
Golpe de Estado
Em março deste ano, segundo investigadores ouvidos pela CNN, Cid foi confrontado pela PF se tinha conhecimento de que Bolsonaro planejava um plano para se manter no poder.
O militar, porém, manteve sua versão de que foi discutida uma minuta de decretação de estado de defesa, mas que não pode afirmar que o então presidente planejava um golpe.
Segundo o tenente-coronel, o ex-presidente se reuniu com generais após perder as eleições de outubro de 2022, mas negou ter participado do encontro em que o alto escalão das Forças Armadas teria debatido os termos da minuta de um golpe de Estado.
Recentemente, em 19 de novembro, Cid negou em oitiva que tivesse conhecimento sobre plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Cid foi indiciado junto de Bolsonaro e outras 35 pessoas no caso.
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