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Policial citado por Gritzbach vendia carrões e foi dono de construtora

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21São Paulo — Citado pelo delator Antonio Vinícius Gritzbach, executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no último dia 8, o policial civil Eduardo Lopes Monteiro teve duas sociedades para construção de imóveis de alto padrão e venda de carros esportivos importados.

Há um ano, Monteiro deixou as empresas e sua mulher permaneceu em seus quadros. Nas empreitadas, ele se associou a um empresário que é filho de um ex-delegado do Departamento de Ordem Polícia e Social (Dops) acusado de tortura ao lado do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Monteiro é investigador policial de classe especial e ganha R$ 11,9 mil líquidos por mês. O policial civil foi citado pelo delator Vinícius Gritzbach como um dos agentes que cometeram “ilicitudes e arbitrariedades” na investigação sobre a morte do traficante Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, pela qual é acusado.

Segundo Gritzbach, investigadores do caso pediram R$ 40 milhões em troca de deixá-lo de fora da lista de indiciados. Ele ainda relatou o sumiço de bens apreendidos, como relógios de luxo. Os agentes e um delegado citados por Gritzbach foram afastados temporariamente de suas funções. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o afastamento ocorre enquanto as denúncias são devidamente apuradas.

Sócio de construtora

O Metrópoles já havia mostrado que um deles, conhecido como Rogerinho, ganha R$ 7 mil mensais e é sócio de uma construtora em Praia Grande , no litoral paulista, que ergueu cinco condomínios de 37 casas.

No caso de Eduardo Monteiro, seus bens também estão na mira da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. Ele foi sócio de duas empresas: a MD Construções e a Baronesa Motors. Nelas, chegou a integralizar, respectivamente, R$ 26 mil e R$ 250 mil.

A MD é dona de dois terrenos em condomínios de alto padrão em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Um deles foi adquirido por R$ 439 mil e tem 498 m². O outro foi comprado por R$ 150 mil. Nele, foi construída uma casa de 172 m².  Já a concessionária Baronesa anunciava Mercedes-Benz, BMWs e outros carros de luxo importados — em seu nome, no entanto, a reportagem identificou apenas uma Hilux e duas carretas. Nos últimos meses, ela foi esvaziada e seu site e redes sociais retirados do ar.

Em 2023, Monteiro se retirou das duas sociedades. Apenas sua mulher, que é médica, permaneceu nas empresas. No caso da Baronesa, eles eram sócios do filho do ex-delegado do Dops Lourival Gaeta.

Falecido, Gaeta foi acionado pelo Ministério Público Federal em uma longa ação que busca multar agentes da repressão na Ditadura Militar. Ele foi citado em depoimentos de vítimas como torturador. Como o ex-delegado morreu, seu espólio responde pela ação.

O advogado Daniel Bialski, que defende Eduardo Monteiro, afirma que “são falaciosas e mentirosas as acusações lhe assacadas pelo delator Vinicius Gritzbach”. “Aliás, já houve investigação pretérita sobre esses fatos e que acabou arquivada a pedido do Ministério Público, sem que existam fatos novos à determinar que nova seja iniciada”.

Segundo Bialski, Monteiro “constitui empresa com sua esposa visando empreender, tudo devida e regularmente declarado perante a Receita Federal”. “Ainda, quanto a loja que intermediava compra e venda de veículos explicita-se que esta encontra-se aberta, porém com dificuldades comerciais, e o então, sócio é amigo de muitos anos de Eduardo”, diz.

A execução de Gritzbach

Gritzbach foi fuzilado com 10 tiros ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, após voltar de uma viagem a Maceió ao lado da namorada, Maria Helena Paiva Antunes, de 29 anos. Os assassinos foram avisados sobre a chegada do delator do PCC ao aeroporto por um olheiro, identificado como Kauê do Amaral Coelho.

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Rival do PCC, empresário Vinícius Gritzbach é morto em atentado no aeroporto de Guarulhos

Câmera Record/Reprodução

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

Divulgação

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Delator do PCC, Vinícius Gritzbach foi executado no Aeroporto de Guarulhos

Reprodução/SBT

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Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de Guarulhos

Reprodução/SBT

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Namorada de Gritzbach é influenciadora e já foi candidata a vereadora

Reprodução/ TikTok

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Reprodução/Câmeras de Monitoramento

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BARONESA MOTORS VENDIA CARROS DE LUXO E PERTENCIA A POLICIAL DELATADO POR ANTONIO GRITZBACH – METRÓPOLES

BARONESA MOTORS VENDIA CARROS DE LUXO E PERTENCIA A POLICIAL DELATADO POR ANTONIO GRITZBACH – METRÓPOLES

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O delator do PCC Vinícius Gritzbach deixa o aeroporto de SP ao lado da namorada, Maria Helena Paiva

Reprodução/TV Record

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O delator do PCC Vinícius Gritzbach deixa o aeroporto ao lado da namorada, Maria Helena Paiva

Reprodução/TV Record

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Kit de joias entregue a Gritzbach

Reprodução

Segundo a polícia, Kauê teria acionado um alarme para avisar aos assassinos o momento em que Gritzbach chegou ao saguão. O delator foi fuzilado cerca de 30 segundos após o aviso, segundo a polícia. A SSP oferece recompensa de R$ 50 mil a quem der informações que levem à prisão do olheiro.

A principal hipótese da polícia é que Gritzbach tenha sido morto pelo PCC, embora o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, tenha admitido que o envolvimento da facção não exclui a possível participação de policiais no crime.

Em uma delação explosiva, Gritzbach detalhou como a facção lavava dinheiro, além de revelar as extorsões realizadas por policiais civis. Tanto policiais civis quanto militares investigados pela força-tarefa foram afastados de suas funções.

Até o momento, no entanto, ninguém foi preso pela morte de Vinícius Gritzbach.

 

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