Negócio paralelo: saiba qual é o item vendido a peso de ouro na Papuda

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O tráfico de drogas e a entrada de objetos ilícitos sempre foram desafios dentro dos sistemas prisionais, mas um produto em especial tem se destacado como um dos mais lucrativos no Complexo Penitenciário da Papuda: o tabaco. Apesar de não ser uma substância ilegal fora das unidades prisionais, o endurecimento das regras para sua entrada transformou um produto acessível e de baixo custo em um artigo de luxo

Segundo dados da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF), em 2024, foram registradas 241 apreensões de objetos proibidos, sendo 127 ocorrências relacionadas ao fumo, totalizando cerca de 14 kg de tabaco impedidos de entrar no sistema penal.

Fontes ouvidas pela coluna explicaram que, ao ingressar no sistema, o tabaco é fracionado em pequenos invólucros de aproximadamente 1 cm de diâmetro, vendidos a R$ 30 cada. Essa prática eleva o valor médio do tabaco para cerca de R$ 80 por grama.

Regras rígidas

A publicação da Portaria nº 10, de 25 de janeiro de 2024, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), intensificou as punições para as tentativas de entrada de cigarros e tabaco no complexo.

Visitantes flagrados tentando ingressar com esses produtos são suspensos do direito de visita por 90 dias, e, em caso de reincidência, a penalidade aumenta para 365 dias.

A estratégia dos detentos para contornar essas restrições inclui o uso de visitantes como intermediários para repassar valores via PIX. Além disso, o setor de inteligência da Polícia Penal também apreendeu bilhetes contendo instruções para a negociações do fumo.

Moeda de troca

O alto valor do tabaco dentro do sistema prisional faz com que facções criminosas o utilizem como moeda de troca, equiparando seu valor ao de drogas ilícitas. Como a entrada de dinheiro em espécie é proibida desde o fechamento das cantinas em 2023, a negociação de tabaco e outros produtos proibidos passou a ser feita via transações eletrônicas, sendo os próprios visitantes responsáveis por efetuar os pagamentos.

Essa estrutura permite que organizações criminosas ampliem suas atividades dentro e fora das unidades, utilizando o tabaco como um dos principais meios de arrecadação financeira.

As equipes de inteligência também identificaram que uma recente apreensão de 96 gramas de maconha na Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II) revelou que 26 internos ligados a um grupo criminoso estavam negociando a droga por meio do mesmo método utilizado para o tabaco.

Medidas de segurança
Para combater esse mercado paralelo, a Polícia Penal do Distrito Federal tem intensificado os procedimentos de revista, utilizando equipamentos como detectores de metais, raios X e escâneres corporais.

Quando há suspeita de ocultação de objetos ilícitos, os visitantes podem ser encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para exames detalhados.

 

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