Membro do PCC ligado a CV e TCP é suspeito de mandar matar Gritzbach

São Paulo — A força-tarefa que investiga o assassinato do delator Vinícius Gritzbach, inimigo mortal do Primeiro Comando da Capital (PCC), tem Emílio Carlos Gongorra Castilho, também conhecido como Bill ou Cigarreiro, como suspeito de ser um dos mandantes do crime.
Segundo autoridades ligadas à investigação, Cigarreiro seria um dos principais traficantes da facção no estado e teria interlocução inclusive com facções cariocas, como Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), rivais do PCC.
“Ele entra e sai no Rio de Janeiro quando quiser. Vende droga para quem quiser no Rio, tanto CV quanto TCP”, afirma um integrante da força-tarefa. “Gritzbach morria de medo dele”, acrescenta.
Cigarreiro não possui mandados de prisão em aberto, portanto não é oficialmente procurado pela polícia. Atualmente, estaria enfrentando um câncer e está sendo submetido a sessões de quimioterapia.
O suspeito pertenceria ao núcleo do PCC ligado a Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, morto a tiros em dezembro de 2021, e à empresa de ônibus UpBus, usada para lavar dinheiro.
Vinícius Gritzbach era apontado pela facção como o mandante da morte de Cara Preta. O delator havia ficado responsável por investir R$ 100 milhões do PCC em criptomoedas, mas teria desviado o dinheiro e passou a ser cobrado por Cara Preta.
Após o homicídio, Gritzbach foi sequestrado por integrantes do PCC e levado a um centro de treinamento pertencente a Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, agente de futebol ligado à facção.
Cigarreiro teria participado, em 2022, do sequestro e do “julgamento” de Gritzbach, assim como Cláudio Marcos de Almeida, o Django; Rafael Maeda, o Japa; e Diego dos Santos Amaral, o Didi; sob a tutela de Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, apontado como chefe da célula do PCC na UpBus.
Na ocasião, Gritzbach foi solto prometendo entregar a facção às escrituras de diversos imóveis e as senhas das contas onde estariam os investimentos em criptomoedas, o que não ocorreu. Cebola teria, então, “condenado” Gritzbach à morte. Nos meses subsequentes, Django e Japa foram mortos, supostamente como punição por deixá-lo escapar.
Didi ligado a olheiro
Diego dos Santos Amaral, o Didi, é apontado pela força-tarefa que investiga a morte de Vinícius Gritzbach como um dos envolvidos no crime. Ele é parente de Kauê Amaral Coelho, que teria atuado como olheiro no momento do assassinato.
Kauê, procurado pela polícia, foi visto em câmeras de segurança do Aeroporto de Guarulhos no dia do crime. Ele passou várias horas no saguão, falando ao telefone, e teria ficado encarregado de comunicar aos atiradores sobre a chegada de Gritzbach.
A suspeita é que Kauê tenha fugido para o Rio de Janeiro após o crime e ficado escondido na comunidade da Vila Cruzeiro, dominada pelo Comando Vermelho (CV).
Até o momento, a Polícia Civil prendeu pelo menos cinco pessoas que teriam ajudado o olheiro na fuga. O paradeiro dele é desconhecido.
Atiradores
Na semana passada, 15 policiais militares foram presos em uma operação da Corregedoria da Polícia Militar. Entre eles, o cabo Denis Martins, apontado como um dos executores de Gritzbach. Os demais são PMs que faziam a segurança privada do corretor de imóveis.
No final de semana, o tenente Fernando Genauro da Silva foi preso por suspeita de atuar como motorista para os atiradores no momento do crime.