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Áudio: com R$ 100 mi, dono do Colégio Pódion pediu “Pix” para lanche

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Mesmo com um patrimônio de R$ 100 milhões, o Ismael Xavier, um dos fundadores do Colégio Pódion – uma das principais instituições particulares de ensino do Distrito Federeal – precisou pedir dinheiro à esposa, Marlise Levorsse, para comprar um lanche. A conta dele estaria zerada. O empresário morreu e a herança virou objeto de um disputa judicial entre a companheira e os filhos dele, de outro casamento. O caso é investigado por três delegacias, por conta de denúncias de fraude, falsidade documental e supostos desvio de dinheiro.

O pedido do milionário por um lanche foi gravado e faz parte do processo, que está em curso na Justiça do Distrito Federal. A coluna Na Mira teve acesso à gravação. “Pode falar? Marlise, por favor, eu estou com a minha conta totalmente zerada. Eu estou querendo comprar um lanche aqui para casa e não tenho dinheiro. Faz favor de resolver esse problema”, afirmou Xavier. Aparentemente sem um retorno, o empresário fez um novo pedido. “Ow, Marlise, responde por favor. Estou aguardando uma resposta sua. Eu preciso lanchar e as pessoas que estão aqui na minha casa também”, disse.

Ouça:

A união de Ismael e da companheira, Marlise Levorsse, fundadores do colégio, chegou ao fim em janeiro de 2024, quando o idoso, então com 80 anos, e debilitado por um AVC, pediu a separação de Marlise, então com 61 anos. Ismael, que enfrentava dificuldades de locomoção e dependia de cuidados, procurou a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa (Decrin) e relatou abusos, incluindo retenção de documentos pessoais, gastos indevidos com sua aposentadoria – mais de R$ 20 mil – e ameaças. O caso acabou arquivado, a pedido do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), por entender que o dinheiro foi movimentado para pagar contas do colégio. O TJDFT acolheu o pedido.

A segunda investigação envolve inquérito instaurado pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), que apura falsidade documental de um abaixo-assinado supostamente utilizado por Marlise nos processos civis, em que um dos advogados dela juntou documento arguindo que Ismael era repudiado pela comunidade de professores e que todos apoiavam a retomada de Marlise à administração, solicitando ao Judiciário decisão favorável.

O documento, contudo, foi anexado sem a folha de rosto e, segundo as apurações da 5ª DP, os professores esclareceram que Ismael era querido na escola. O abaixo-assinado tinha o viés de apoiar o casal para manter a administração da empresa em conjunto. O inquérito relativo ao abaixo-assinado foi concluído apontando o advogado de Marlise como responsável pela fraude e acabou encaminhado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Outro inquérito é apurado pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial, e a Fraudes (Corf). A investigação mira denúncia contra Marlise, que foi acusada de transferir indevidamente mais de R$ 2 milhões do colégio para uma conta particular, após ser destituída da administração do Pódion.

Segundo ela, a ação visava proteger o patrimônio empresarial, mas os advogados dos herdeiros de Ismael classificam o ato como crime de fraude e abuso de poder.

Desavenças

De acordo com os advogados que defendem os filhos de Ismael, as desavenças com a viúva envolvem o registro de quatro ocorrências policiais e duas notícias de crime, uma delas em trâmite no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

O advogado dos herdeiros de Ismael, Cristiano de Freitas Fernandes, informou que, após o falecimento de Ismael, em maio de 2024, os herdeiros do milionário assumiram as disputas judiciais, enfrentando resistência contínua por parte de Marlise, que teria até impedido o acesso dos filhos de Ismael ao colégio. “Para agravar a situação, Marlise abriu nova empresa no mesmo endereço e com a mesma equipe do Colégio Pódion, matriculando alunos sob um novo CNPJ. Segundo a defesa dos herdeiros, a ação configura sucessão empresarial fraudulenta e concorrência desleal”, apontou o advogado.

O outro lado

Procurado pela coluna para falar das investigações da Polícia Civil e dos processo que já correm na Justiça, o advogado de Marlise, Danny Cabral Gomes, afirmou que não comenta casos sub judice. “Os autos são públicos e lá é possível verificar que todos os argumentos contra a Sra. Marlise não são verdadeiros, como até agora vem entendendo o Poder Judiciário”, resumiu.

 

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