Pressionado, Tarcísio sinaliza com cargos no 2º escalão para “Centrão paulista”

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São Paulo – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) têm sinalizado às bancadas que compõem o “Centrão paulista” na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que cederá cargos no segundo escalão do governo em troca de apoio aos projetos enviados à Casa.

Após Tarcísio apaziguar os ânimos com a federação formada por PSDB e Cidadania, garantindo aos tucanos cargos mantidos no segundo e terceiro escalões da máquina estadual, partidos como União Brasil e MDB também viram em gestos recentes do governador um sinal verde para indicações em determinados órgãos.

No caso do União Brasil, por exemplo, tem sido negociado o comando das gerências regionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo (CDHU), estatal que constrói unidades habitacionais.

A demanda é antiga e vinha sendo negada por Tarcísio, que havia dito a todos os aliados que o apoio se daria por meio da liberação de emendas parlamentares e execução de obras em redutos eleitorais, e não pelo loteamento de cargos.

No entanto, em junho deste ano, os deputados do União obstruíram a votação de um projeto em que o estado pedia autorização para contrair empréstimos e viabilizar o projeto do trem São Paulo-Campinas, uma das promessas eleitorais de Tarcísio.

Embora a situação tenha sido contornada – e a autorização aprovada na sessão seguinte –, o episódio acendeu alerta vermelho no Palácio dos Bandeirantes, que admitia não ter a maioria simples de 48 votos, entre 94 parlamentares, para aprovar projetos de interesse do governo.

Líder do União na Alesp, o deputado Milton Leite Filho disse a interlocutores, após a primeira reunião com Tarcísio no retorno do recesso legislativo, no início deste mês, que seu partido faria oposição caso o chefe do Executivo não cedesse cargos à sigla.

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Arranjo entre Tarcísio e o União

No acordo costurado entre Tarcísio e o União tem sido discutida a possibilidade de que as 12 gerências regionais da CDHU tenham seus responsáveis escolhidos por deputados estaduais do partido.

Oficialmente, o Palácio dos Bandeirantes nega o arranjo político. Auxiliares do governo afirmaram, reservadamente, que foi aberta, aos partidos da base, a possibilidade de indicações para órgãos e estatais, desde que os nomes sejam de reputação ilibada e obedeçam a critérios técnicos.

A pressão pelo comando da CDHU vinha por parte do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, que tentava reconquistar o domínio exercido pelo União nas gestões dos ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia (PSDB). No governo tucano, Leite comandava toda a estrutura de Logística e Transportes.

Receio na Alesp provocou recuo de Tarcísio

O receio de sofrer uma derrota com os projetos que necessitam de aprovação da Alesp neste segundo semestre levaram Tarcísio, após insistência de aliados, a ceder alguns cargos.

Se no primeiro semestre foram enviados ao Legislativo apenas projetos de reajustes a servidores, que também são apoiados pelas bancadas de oposição, para o restante do ano o governo testará sua força com três propostas polêmicas:

Reforma administrativa
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para remanejar recursos da Educação para a Saúde
Privatização da Sabesp

Para aprovar a PEC, o governo precisará de três quintos dos parlamentares, ou seja, 57 votos. Com o apoio consolidado das bancadas do União, com oito deputados, e do MDB, com mais quatro, o governo Tarcísio calcula se aproximar da quantidade mínima para aprovar os projetos de seu interesse.

Antes, o Palácio já contava com os votos de parlamentares do PL (19), do Republicanos (8), do PSD (5), além dos que compõem a federação entre PSDB e Cidadania (12).

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