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Moradores do Entorno gastarão até R$ 92 a mais por mês com reajuste de passagens

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O acumulado com dois reajustes recentes de tarifas de ônibus em menos de seis meses fará o passageiro do Entorno do Distrito Federal desembolsar de R$ 62 a R$ 92 mensais para arcar com os custos do transporte e chegar à área central de Brasília. O valor equivale de 4,7% a 7% de um salário mínimo (R$ 1.320), considerados os principais trechos das viagens.

A partir deste domingo (13/8), as tarifas terão aumento de 15%. Em março último, elas haviam subido 12%. Ambos os reajustes receberam autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para valer. A autarquia assumiu a gestão das mais de 400 linhas de ônibus do Entorno do Distrito Federal em fevereiro último. Cerca de 175 mil passageiros usam o transporte nesse itinerário diariamente.

Confira os preços:

Planaltina: de R$ 7,85 para R$ 10,15 (+R$ 2,30)
Novo Gama: de R$ 7 para R$ 9 (+R$ 2)
Luziânia: de R$ 7,40 para R$ 9,55 (+R$ 2,15)
Cidade Ocidental: de R$ 6 para R$ 7,75 (+R$ 1,75)
Valparaíso: de R$ 5,40 para R$ 6,95 (+R$ 1,55)
Águas Lindas de Goiás: de R$ 7,80 para R$ 10 (+R$ 2,20)
Santo Antônio do Descoberto: de R$ 7,30 para R$ 9,35 (+R$ 2,05)

Considerado o reajuste de Planaltina como exemplo, o aumento no valor chegará a R$ 4,60 por dia, para ida e volta. Assim, um passageiro que faz viagens em 20 dias úteis do mês pagará R$ 92 a mais por mês.

“Fui pega de surpresa com a informação. Já é um valor extremamente alto; então, pagar mais de R$ 20 por dia é um absurdo”, reclama a assessora de comunicação Marciana Alves, 30 anos, moradora de Planaltina (GO).

“Além do valor alto [da passagem] e do transporte ser de má-qualidade, temos de lidar com a questão do atraso. Eles [os ônibus] não têm hora para passar, chegam mais de 40 minutos depois do previsto e não têm qualquer acessibilidade”, critica.

Outro passageiro que sofre com a situação do transporte público do Entorno é o atendente de telemarketing Bruno Lima, 30. “As pessoas dependem dele. Elas vão complementar o dinheiro da passagem e pagar para trabalhar?”, questiona.

O profissional teme que os aumentos sucessivos no valor das tarifas dificulte o acesso ao emprego para pessoas que fazem viagens para o DF todos os dias.

Bruno acredita, ainda, que os empregadores não gostarão de pagar mais de R$ 20 por dia pelo transporte de um funcionário. “Muitas pessoas não vão mais colocar o endereço onde moram, por medo de não serem contratadas”, completa.

Custeio

A fim de justificar a decisão para o reajuste, a ANTT informou que o transporte semiurbano não é subsidiado pelo governo e que os recursos para manutenção do serviço vêm integralmente das tarifas pagas pelos usuários.

O total é usado para cobrir os gastos operacionais, com manutenção, compra de veículos, folha de pagamento dos funcionários, entre outros.

Cuidadora de idosos, Romilda Abadia, 57, passa cerca de 1h40 dentro do ônibus nos dias que faz o trajeto de Valparaíso (GO) até a Asa Norte, em Brasília.

Ela conta que foi pega de surpresa pela notícia do reajuste. “Quando minha filha me avisou, fiquei assustada. Acho um absurdo. Isso vai deixar a população estagnada. Se pesou com o último aumento, imagine agora, com esse”, compara.

Representantes da Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros (Anatrip) viram o reajuste de 15% com alívio.

Em nota, a entidade informou que a correção escalonada de 15% prevista para começar neste domingo (13/8) “deve servir para que as empresas saiam do vermelho, melhorem os serviços e honrem o compromisso com os trabalhadores, que tiveram reajuste de salário [com base] no acordo coletivo deste ano”.

Tentativas anteriores

Em fevereiro de 2022, a ANTT autorizou um aumento de até 25% nas passagens, mas o Governo do Distrito Federal (GDF), que havia assumido a gestão do transporte do Entorno em julho de 2021, congelou a medida, a fim de “conhecer a realidade do serviço” antes.

A correção dos valores ocorreria em dezembro de 2022 e chegou a ser anunciada: as passagens para o Plano Piloto custariam entre R$ 6,75 — com saída de Valparaíso — e R$ 9,80 (Planaltina). Porém, o estado goiano foi à Justiça contra o reajuste, sob alegação de não ter sido consultado e de que a mudança violaria a “autonomia federativa”.

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), e o ministro André Mendonça suspendeu o aumento dias depois, sob o argumento de que “tamanha elevação tarifária”, sem debate ou demonstração dos critérios técnicos, traria um “risco de dano grave” a uma população vulnerável.

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