Jardim Pantanal: GCM dispara contra moradores em fila para auxílio
São Paulo — Uma fila de cadastramento para o auxílio da prefeitura acabou com confronto entre a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e moradores do Jardim Pantanal, bairro da zona leste de São Paulo que enfrenta o quinto dia de alagamento.
Na manhã desta quarta-feira (5/2), moradores foram até a escola municipal Murures, no Jardim Helena, bairro vizinho ao Pantanal, para conseguir o cartão de auxílio emergencial contra enchentes. Após horas na fila, foram informados de que não seriam mais atendidos.
A notícia provocou uma confusão. Testemunhas registraram o momento em que guardas municipais fazem disparos de bombas de efeito moral contra os moradores — alguns deles reagem atacando pedras (veja acima). As imagens foram publicadas pelo perfil Jardim Helena ZL.
O que diz a prefeitura
Questionada, a Prefeitura de São Paulo afirmou que entregou, desde sábado (1°/2), 1.264 cartões emergenciais às pessoas que tiveram casas alagadas pelas chuvas no Jardim Pantanal. “A Prefeitura ainda analisa 3.527 cadastros para saber se as pessoas estão ou não aptas a receber o cartão distribuído pela Secretaria de Habitação”, disse.
Sobre a ação da GCM, a gestão municipal disse que “em razão da presença de pessoas de bairros não atingidos e de diferentes pessoas que residem numa mesma casa, a Prefeitura decidiu que não fará novos cadastros nos pontos de atendimento”.
“A Defesa Civil, no entanto, está fazendo busca ativa nas ruas atingidas para eventualmente cadastrar novas famílias. A prefeitura informa também que continuará distribuindo refeições nos postos de atendimento (com café da manhã, almoço e jantar)”, completou, em nota.
Entenda
Localizado às margens do Rio Tietê, na zona leste da capital, o Jardim Pantanal tem sido castigado pelas fortes chuvas que atingem a região desde a última sexta-feira (31/1).
As enchentes são um drama recorrente vivido para os moradores que, verão após verão, se acostumaram a recomeçar a vida após perder móveis, objetos, alimentos e as casas, além de sofrer com as doenças provocadas pelo contato com a água suja que inunda as ruas do bairro.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou, em entrevista a jornalistas, que “é mais fácil tirar as pessoas [da região]. Aquelas pessoas vão ter que sair dali, não tem jeito. Vai ser isso. Está abaixo do nível do rio. É muito complicado”.
O presidente do Tribunal de Contas do Município (TCMSP), Domingos Dissei, solicitou nesta quarta-feira (5/2) à Auditoria de Controle Externo um levantamento das ações realizadas até agora pela Prefeitura de São Paulo na região.