Fraudes: PF age após prefeitura agendar vasectomias para mulheres

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (21/1) uma operação contra um suposto esquema de compra de votos em troca de vagas na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) em Queimados, no Rio de Janeiro. A investigação aconteceu após a coluna revelar que pessoas na administração municipal estavam agendando centenas de exames, alguns para elas mesmas. A situação chegou ao ponto de vasectomias serem marcadas para mulheres e consultas de ginecologia para homens.
Resumo:
O suposto esquema foi noticiado em setembro de 2024 pela coluna e mostrou indícios de irregularidade no agendamento do SUS em Queimados.
A marcação de consultas, exames e procedimentos deveria ser gratuito e seguir requisitos de isonomia, priorizando as pessoas apenas pelo nível de urgência para atenção médica.
Um dos denunciados pelo suposto esquema é o ex-subsecretário adjunto de Gestão Estratégica e Contas Médicas Julio César Gomes Bezerra. O documento aponta que ele teria chegado a marcar 340 procedimentos para si mesmo, alguns após deixar o cargo.
A denúncia levou a uma investigação da PF.
A operação da PF desta terça foi batizada de Saúde Eleitoral e cumpriu nove mandados de busca e apreensão em Queimados e em Brasília. A Justiça também determinou o sequestro e bloqueio de bens que fossem incompatíveis com a renda dos investigados, além de determinar o afastamento das funções públicas.
O indício de corrupção foi revelado a partir de uma notícia-crime feita pela Câmara Municipal de Queimados. O documento revelado pela coluna em setembro de 2024 apontou a reserva irregular de vagas em programas como o Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). Segundo o relatório, a ex-secretária da Saúde não cumpriu com a sua obrigação e deixou de remover o acesso dos funcionários exonerados da pasta ao Sisreg.
Um parecer mostrou o registro do Sisreg com as datas e procedimentos solicitados, além dos nomes dos autores. Diversas marcações foram realizadas, mas várias foram canceladas e perdidas. Segundo a Polícia Federal, os investigados poderão responder por organização criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informação e corrupção eleitoral. As penas podem chegar a 24 anos de reclusão, somadas.
Ainda de acordo com o documento, as supostas irregularidades que entraram na mira da PF aconteceram durante a gestão de Glauco Kaizer (União Brasil), prefeito reeleito de Queimados. A cidade fica a 50 quilômetros da capital fluminense.